Reflexões sobre o amor

Procuro um amor tranquilo. Aquele sem grandes desesperos do dia a dia, e que me passe alguma segurança. Um amor para curtir um vinho em uma noite de sexta-feira, abraçados, debaixo das cobertas enquanto assistimos a um filme. Procuro um amor amigo, que vai chegar cansado depois do trabalho, enquanto eu o espero ansiosa com o jantar, pronta para tirar dele o casaco e mandá-lo ir tomar banho, porque a lasanha que está no forno já está quase pronta. 


Procuro um amor da velhice, aquele que às vezes é só conversa. Aquele que não tem desesperos e que já aprendeu a ajustar as contas financeiras, para não passar desespero ao final do mês. Procuro um amor que não tem segredos. Ou melhor, que os nossos segredos sejam compartilhados entre nós mesmo. Procuro aquele amor em que somos capazes de desenvolver a nossa própria linguagem de amar e sem os códigos que já foram catalogados, mas que todos os códigos do nosso amor sejam por nós criados. 


Procuro um amor que não estão nos contos, não estão nos romances. Mas que seja um amor só nosso. Um amor original. Mas que não abandona os clássicos. Procuro um amor da gentileza. Um amor que abandonemos as nossas próprias necessidades em prol da necessidade do outro. Mesmo que eu queira que as minhas necessidades sejam sempre as atendidas, e que talvez eu não queira tanto assim atender as necessidades do outro, mesmo sabendo que é preciso. 


Procuro um amor que me ensine a me renunciar, mas sem me abandonar. Um amor que me ensine que amar é dar a vida e que entenda que na vida não existe amor como aquele que procuramos. Procuro um amor que me ensine o que é amar. Um amor que me fale: amar não é ter apenas o que você entende como necessidade que deve ser suprida. Mas que me ensine que amar é saber que eu preciso de algo que não acredito, até que o tenha. Procuro um amor que me ensine olhar além das necessidades dele, para que eu também possa ensiná-lo o que realmente é necessário.


Procuro um amor que aos sábados chuvosos queira ficar na cama com o telefone desligado e que saiba que naquele momento só precisamos de nós mesmos. Procuro um amor que mesmo querendo ficar só com nós mesmos, ainda insista em visitar a família. Porque amar é também envolver os outros que não fazem parte do nosso cotidiano. 


Procuro um amor que só você poderá me dar.


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1 comentários

  1. Que lindo, amiga! Amei o texto! Me fez lembrar minha pesquisa... uma coexistência de modos de amar. 😃
    Jéssica Buthers

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